Voltar Uma viagem pelo passado romano das Astúrias

Uma viagem pelo passado romano das Astúrias
O Império Romano conquistou as Astúrias e permaneceu nestas terras durante vários séculos, atraído especialmente pelo ouro e pelas matérias-primas das Astúrias ocidentais. Descobrir estes vestígios é uma aventura maravilhosa.
O grande Império Romano conquistou as terras das Astúrias em 19 a.C., após mais de dez anos de sangrentas guerras, naquelas que ficaram conhecidas como as guerras asturo-cantábricas. As guerras estavam a ser demasiado longas para a máquina de guerra romana, mas após a descoberta de minas de ouro no oeste das Astúrias, o próprio imperador César Augusto interveio para liderar os exércitos e alcançar a primeira grande vitória do seu mandato como César.
A influência do Império Romano nas Astúrias durou até ao século V, altura em que o Império foi desmembrado. Deste passado restam muitos vestígios que podem ser visitados, principalmente relacionados com a extração de ouro e outras matérias-primas por parte dos romanos, embora também encontremos povoações, termas e muralhas defensivas que sobreviveram até aos nossos dias.
Entre as desembocaduras dos rios Eo e Nalón, no oeste de Astúrias, existem interessantes jazidas arqueológicas que nos mostram como os romanos extraíam o ouro. O monumento natural de As Covas da Andía, no município de El Franco, é um bom exemplo deste tipo de extração.
Em Navelgas, onde ainda se realiza o campeonato de garimpo, pode aprender mais sobre este passado dourado no Museu do Ouro. E se gosta de caminhadas, a poucos passos de Navelgas, no município de Tineo, encontra-se a Rota do Ouro e o Caminho de Moura, em Degaña, onde se pode visitar a jazida mineira de El Corralín.
Para além das minas de ouro, nas Astúrias ocidentais também se encontram povoações militares onde viveram os romanos. O mais conhecido e maior da zona é o Castro de Coaña, um povoado de origem pré-romana, construído pelos habitantes locais, de cultura castreja, entre os séculos V e IV a.C. Durante a influência romana viveu um período de grande vitalidade, formando o traçado urbano que hoje podemos visitar, com cerca de oitenta edifícios circulares e quadrados.
Outros castelos interessantes para visitar na zona são o de Mohías, com cerca de vinte restos de cabanas, e o de Chao Samartín, que reflecte o esplendor de uma próspera capital administrativa na época romana.
Quanto ao centro de Astúrias, também existem importantes vestígios do passado romano da região. Em cidades como Oviedo/Uviéu ou Avilés quase não existem vestígios romanos, e só as últimas escavações estão a revelar que podem ter sido antigos acampamentos ou povoações romanas.
Oviedo/Uviéu, que foi fundado oficialmente no ano 761, segundo o Pacto Monástico de San Vicente, esconde sob o Museu de Belas Artes das Astúrias vestígios romanos datados do século IV, encontrados após as obras de ampliação de 2008, pelo que se supõe que teria existido ali uma espécie de povoado ou acampamento.
Em Oviedo/Uviéu encontra-se o Museu Arqueológico das Astúrias, que conta com mosaicos, cerâmicas romanas e lápides de toda a província.
Quanto a Avilés, foram encontradas moedas e outros utensílios perto da ria, o que sugere a existência de um acampamento romano na zona, cujo comandante máximo se chamava Abilius.
Resta-nos Gijón/Xixón, uma cidade onde o passado romano é mais do que evidente. Em Campa Torres encontra-se o povoado fortificado de Noega, o maior da costa asturiana, povoado por asturianos posteriormente romanizados. O castro e a muralha, hoje visíveis, foram gradualmente abandonados em favor da outra grande fortificação da zona, Gegionem, criada no que é atualmente a península de Cimavilla.
Esta fortificação, sem dúvida a mais importante das Astúrias, foi um importante porto marítimo da costa cantábrica, servindo de ligação entre o planalto e o litoral, graças à rota que atravessava o centro das Astúrias até Asturica Augusta (atual Astorga).
Deste passado conservam-se em bom estado as termas romanas de Campo Valdés, abertas ao público em 1995 após obras de restauração, já que se encontram parcialmente situadas sob a igreja de San Pedro. A dois passos das termas encontra-se a estátua de César Augusto, o grande conquistador destas terras.
Outro dos locais romanos mais atractivos para visitar em Gijón é a Villa Romana de Veranes, uma grande residência senhorial que pertenceu a um nobre chamado Veranius. O sítio tem um museu, onde se expõem os restos encontrados, e durante a visita podemos visitar tanto a zona residencial da villa (pars urbana) como a zona agrícola (pars rustica).
Os últimos lugares de interesse a visitar no centro de Astúrias, relacionados com o passado romano, são a Aula del Oro de Belmonte/Balmonte e o sítio de La Carisa.
Na Aula del Oro, onde voltamos a ver a extração do ouro pelos romanos, e onde podemos seguir uma rota arqueológica que, partindo de Viḷḷaverde, passa por Mudreiros e termina em Albariza.
Quanto ao sítio de La Carisa, está localizado entre os municípios de Lena e Aller, na fronteira com a província de León, e mostra-nos a perseverança dos romanos na conquista destas terras, construindo um forte nas montanhas asturianas, a uma altitude de 1.727 metros.
As Astúrias são muito mais do que belas paisagens e uma suculenta gastronomia, basta olhar um pouco mais longe para encontrar um rico passado asturiano e romano, espalhado por toda a geografia com sítios arqueológicos, fortalezas e lugares antigos que, cerca de quinze séculos depois, ainda podemos admirar e desfrutar.
Texto e fotos: Machbel

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