Voltar Pratos tradicionais das Astúrias que talvez não conheça
Os melhores pratos tradicionais das Astúrias que talvez não conheça
As Astúrias oferecem-lhe uma lista de pratos, produtos e receitas de excelente qualidade que o surpreenderão sempre. Nesta viagem gastronómica, vamos mostrar-lhe alguns deles.
Leguminosas exclusivas, enchidos que são obras de arte, tachos que alimentam a alma, borrego preparado de forma exótica, pratos de abate tão exclusivos como o caviar, sobremesas que sabem a glória...
Nas Astúrias, a lista de pratos, produtos e receitas que o vão surpreender pela sua qualidade e surpreender o seu paladar é quase interminável. Em cada canto das Astúrias, em cada aldeia, em cada zona, há, por vezes de forma inesperada, uma agradável e suculenta surpresa gastronómica.
Nas Astúrias, a cozinha é como a orografia: variada e sempre admirável pelos seus matizes e sabedoria, guardando séculos de conhecimento e esforço.
Nesta viagem gastronómica, revelamos o encanto dos pratos tradicionais, que são aqueles que nem sempre se esperam?
Pratos que se podem saborear em restaurantes, casas de sidra, bares e casas de pasto, dentro e fora de época. Além disso, pode por vezes comprar os ingredientes em lojas gourmet, bares ou mercados, e preparar estas deliciosas criações à sua vontade.
Vamos lá começar!
Verdinas, as leguminosas mais exclusivas
A verdina é um legume muito especial, único, muito exclusivo. Um legume sazonal.
Trata-se de uma variedade de feijão, de tamanho pequeno e colhido quando os grãos ainda não estão maduros e não adquiriram a sua cor branca, permanecendo verdes. Quando secos em verde, estes feijões pequenos mantêm a sua cor e conservam o seu sabor vegetal intenso.
O feijão verdina coze muito facilmente, pelo que, uma vez cozinhado, permanece inteiro sem se partir, e como tem uma pele muito fina, é muito agradável ao tato, e como é mais verde, tem um sabor muito delicado, requintado e algo frutado. É por isso que são ideais para acompanhar peixes e mariscos.
Tal como outras variedades de leguminosas, as verdinas são excelentes se forem consumidas durante o ano.
Antigamente, só se produziam no Vale de Ardisana, em Llanes, embora o aumento da procura deste produto tenha levado a que sejam atualmente cultivadas em mais zonas, sendo o leste das Astúrias o seu berço e origem.
São muitas as receitas elaboradas com esta variedade de leguminosa, praticamente com qualquer tipo de peixe ou marisco, por exemplo, com polvo, amêijoas, gambas, bacalhau e todo o tipo de peixe. São também frequentemente utilizadas em receitas com carne de caça, em receitas com veado ou javali. São também uma verdadeira iguaria quando estufadas com legumes ou cogumelos.
Esteja atento às verdinas: depois de as provar, não as vai esquecer!
Emberzau ou pantrucu, um enchido muito especial
O emberzau ou pantrucu é, sem dúvida, um prato peculiar que só se encontra na zona oriental das Astúrias. Diz-se que o nome emberzau se deve ao facto de ser cozinhado embrulhado em couve.
Este prato esteve sempre ligado à matança do porco, uma vez que os seus principais ingredientes provêm do porco, sendo um deles o seu próprio sangue.
Ao sangue de porco junta-se cebola picada, toucinho e toucinho de porco cortados em cubos, farinha de milho e um pouco de farinha de trigo para que a mistura fique bem ligada, bem como um pouco de sal.
Tudo isto é bem misturado até se obter uma massa compacta, que serve para fazer uma espécie de morcela, que não é enfiada num invólucro, mas sim envolvida em couve, atada e cozida em água a ferver abundante durante duas horas.
Uma vez terminado este laborioso processo, é cortada em fatias e frita.
O resultado é uma verdadeira iguaria, que o seu paladar agradecerá eternamente!
Os Roxóis ou a identidade gastronómica de Los Oscos
Os roxóis, também conhecidos como chicharrones, são outro desses pratos genuínos e únicos que as Astúrias têm para oferecer.
Além disso, à semelhança de outros produtos e pratos, os roxóis são típicos de um território específico: Los Oscos.
Entre novembro e fevereiro, esta receita única, temperada com aparas de presunto e toucinho de porco, aparece nas ementas de alguns dos estabelecimentos desta zona, como o Hotel Restaurante Casa Pedro, atraindo pessoas de todo o mundo que vêm desfrutar desta iguaria gastronómica. Além disso, os roxóis também podem ser adquiridos no talho Santalla, em Santa Eulália de Oscos.
Os cozinheiros destas terras asturianas ocidentais dizem que é um prato muito trabalhoso - demora mais de oito horas a confecionar - mas que é muito grato, porque todo o esforço é compensado pelo seu sabor.
Um caldeirão de ferro é o recipiente ideal para cozer em lume brando com lenha de bétula. Um pouco de água e uma mão-cheia de sal são os únicos ingredientes necessários para iniciar o processo. Quando começar a ferver, deve ser mexido e, passado algum tempo, é necessário retirar a primeira gordura, que é muito preciosa para conservar os chouriços em casa. Depois junta-se uma cebola picada finamente e volta-se a mexer até o produto ficar seco.
Os roxóis são outra das agradáveis surpresas sazonais das Astúrias!
Pote de castanhas, para nutrir na estação fria
O outono é o tempo da castanha, um fruto com profundas raízes culturais e gastronómicas nas Astúrias. Um fruto que tem a sua própria festa popular e tradicional, conhecida como amagüestu.
Mas o seu grande potencial de combinação, o seu sabor e o seu alto valor nutritivo vão mais além e, de vez em quando, a castanha é a estrela de pratos com tanta história e fama como o guisado de castanhas, ideal para a estação fria.
Trata-se de uma preparação simples mas cuidada, em que a matéria-prima é essencial para um resultado brilhante. Cozem-se os chouriços, a morcela, a pá, o bucho e a carne de porco, juntamente com os legumes, até a carne ficar quase tenra.
Noutro tacho, cozem-se as batatas e as castanhas e, passados dez minutos, juntam-se ao compangu (acompanhamento de carne da fabada à base de chouriço, morcela e toucinho) e à couve, cozendo até ficarem macios. Termina-se com o sal e está pronto a comer.
O guisado de castanhas é uma daquelas iguarias inesquecíveis do outono!
Cordeiro na estaca, o churrasco ancestral
Dizem os estudiosos da gastronomia que assar no fogo e grelhar no carvão são as formas de cozinhar mais antigas que existem. De facto, o borrego assado na brasa é uma receita que remonta a séculos, e hoje em dia este sabor ancestral continua a seduzir os comensais mais exigentes pelo seu sabor e suculência.
É um assado muito enraizado nas Astúrias e muitos fãs deste prato percorrem quilómetros para ir aos restaurantes que o oferecem nas suas ementas.
Para confecionar este prato, coloca-se um borrego com uma barra de metal ou uma estaca de madeira atravessada de um lado ao outro e outra barra perpendicular às pernas do borrego. Desta forma, o borrego é disposto transversalmente para receber o calor da forma mais homogénea possível.
De vez em quando, vira-se o borrego para que a torrefação se faça de igual modo em todos os lados. A madeira utilizada para o efeito deve ser de folhosas: faia, carvalho ou freixo. A estaca deve ter uma certa inclinação, formando um ângulo de aproximadamente 60 graus.
O borrego estará pronto a comer quando estiver dourado e até um pouco acastanhado. É importante saber que este assado não demorará menos de três horas e meia.
Boroña asturiana ou o fascínio do pão
A boroña asturiana - ou borona em castelhano - é um pão de farinha de milho típico das Astúrias. Tradicionalmente, era cozida coberta com uma folha de couve, sendo também muitas vezes recheada com chouriço, morcela ou outro enchido, caso em que era denominada "boroña preñada".
Tem um miolo muito denso e compacto e pode ser confeccionada com diferentes proporções de farinha de milho; quanto mais farinha de milho tiver, mais forte se torna a broa.
Se a boroña já é boa em si mesma, se estiver grávida, é um prato sublime.
Os passos para fazer uma boroña grávida são muito precisos:
Deitar os ingredientes líquidos - água morna e óleo - numa tigela. De seguida, adiciona-se uma mistura das duas farinhas, pouco a pouco, mexe-se e adiciona-se sal. Por fim, junta-se o fermento e amassa-se a massa utilizada para fazer a boroña tradicional durante dez minutos.
Retira-se a massa, cobre-se com um pano limpo e deixa-se repousar durante uma hora num local seco e sem correntes de ar.
Passado este tempo, a massa é novamente amassada durante alguns minutos e moldada fazendo um buraco no meio. É aqui que se introduzem os enchidos e a carne.
Pode fechar-se a massa e deixá-la completamente coberta, de modo a parecer um pão, ou pode deixá-la aberta, para que os ingredientes possam ser vistos. O forno é então pré-aquecido a 200 °C.
Quando a massa estiver recheada a seu gosto, feche um pouco as bordas. Embrulhar o pão de brioche em papel de alumínio até meio para que cozinhe bem. Também se utilizam frequentemente folhas de couve para este passo.
Cozer o pão a 180 °C em lume médio durante uma hora. Tenha cuidado, pois cada forno é diferente e pode precisar de menos ou mais tempo.
Depois de decorrido o tempo de cozedura, verifique se a massa está pronta com um palito para ver se está tenra por dentro. Se for necessário mais tempo, volte a pô-la no forno e deixe-a durante mais 30 minutos.
Quando estiver pronto, retirar a boroña asturiana e servir. O resultado é um pão consistente com a carne que libertou os seus óleos e aromas para se espalhar no pão.
Hummm... simplesmente de fazer crescer água na boca!
Venera, a sobremesa dos peregrinos a caminho de Santiago de Compostela
O bolo Venera é uma sobremesa típica do oeste asturiano, mais concretamente da zona de Boal e Navia. Devido aos ingredientes com que é confeccionado, tem a merecida fama de ser muito energético, razão pela qual os peregrinos do Caminho da Costa o incluem na sua dieta diária ao longo do caminho para Santiago de Compostela. Além disso, tem a vantagem de se manter em perfeitas condições durante vários dias.
Os ingredientes da venera incluem amêndoas torradas moídas, açúcar, farinha de milho, ovos, bolachas, claras de ovo e cerejas cristalizadas.
A sua preparação requer conhecimentos, cuidados e muitos mimos. O primeiro passo é mergulhar as amêndoas em água quente para lhes retirar a pele e depois colocá-las no forno para secar e tostar um pouco. Assim que começarem a dourar, retiram-se do forno e deixam-se arrefecer antes de serem moídas.
Em seguida, misturam-se as amêndoas moídas, a farinha, o açúcar e o ovo batido até obter uma massa homogénea.
Quando a massa estiver pronta, fazer os donuts e colocá-los sobre uma bolacha, encostando-os uns aos outros.
Quando tudo estiver no sítio, leve-as ao forno a 180 graus durante 5 minutos, até ficarem ligeiramente coradas.
Deixar arrefecer e decorar com merengue e cerejas cristalizadas.
Simplesmente deliciosos e prontos para serem desfrutados!
Escaldao, o torrão dos pobres que nasceu em Grado
O Escaldao é um dos doces mais caraterísticos e representativos do Natal nas Astúrias. Trata-se de uma espécie de pudim amarelo, semelhante ao tradicional turrón, mas com ingredientes mais humildes.
É típico do concelho de Grado, onde foi inventado.
É uma sobremesa simples, tanto em termos de ingredientes como de preparação. Caracteriza-se pelo seu sabor tradicional, doçura, textura tenra e cor amarela.
Conhecido como o torrão dos pobres, era feito com pão boroña, uma espécie de pão que antigamente era feito com painço e que mais tarde passou a ser feito com milho. Atualmente, é feito com manteiga, açúcar, água, mel, muita paciência e um forno a lenha. É tão simples como isso.
Não é muito conhecida fora das Astúrias, mas é tão deliciosa que não pode deixar de a provar no Natal, porque também cria aquele ambiente caseiro que é tão típico desta época do ano. E dizem que o ideal é prepará-lo e saboreá-lo em família.
Se o preparares tu mesmo, não te esqueças de o fazer à moda antiga, com uma boa boroña (pão feito com farinha de milho, típico das Astúrias), num fogão a lenha e mexendo com uma colher de pau.
No caso de pôr mãos à obra, lembre-se de que os ingredientes são um quilo de pão boroña, um pouco de água, um copo de açúcar branco, 500 gramas de banha de porco artesanal e uma colher de mel.
Quanto ao modo de preparação, eis algumas diretrizes simples:
Derreter a manteiga num tacho em lume brando. Derreter o açúcar com um pouco de água e o mel noutro tacho. Este processo também deve ser feito em lume brando.
Misture o pão ralado, a côdea e a manteiga e mexa tudo muito bem com uma colher de pau.
Junte o açúcar derretido e ligeiramente tostado e, se quiser, adicione uma pitada de anis.
Continue a mexer em lume brando durante cerca de meia hora ou mais.
E já está! O seu escaldao ou escaldáu, pronto a provar!
Panchón, uma tradição doce que sabe a glória
O panchón é uma sobremesa típica do concelho de Aller, na serra central das Astúrias. Uma das suas caraterísticas é o facto de implicar uma preparação laboriosa, em que os principais ingredientes são a farinha de espelta, a banha e o açúcar.
Começa com a preparação da massa para a pancha - pão redondo - que é depois envolvida em folhas de couve, colocada no llar (cozinha tradicional asturiana) e coberta com cinzas, brasas e outros materiais que ardem facilmente, como as cascas de espelta.
Uma vez cozido, o panchón é esmigalhado e misturado num tacho com banha de porco e açúcar, sobre um fogão quente.
O panchón é uma sobremesa muito antiga e, além de figurar nas ementas de muitos restaurantes do concelho de Aller, é uma das estrelas gastronómicas de algumas das suas festas de padroeiros.
Se visitar o concelho de Aller, não pode deixar de provar o panchón e conhecer o seu fabrico!
Frixuelos de Cangas del Narcea, a espiral mais saborosa
Os Os frixuelos de Cangas del Narcea são diferentes dos do resto das Astúrias, uma vez que são fritos em forma de espiral, o que lhes confere um aspeto diferente, para não falar do momento de os saborear...
A preparação, como todos os doces asturianos, é feita com muito cuidado: batem-se os ovos, deita-se o leite e mistura-se bem. De seguida, junta-se o sal. De seguida, junta-se a farinha, pouco a pouco, e mexe-se até dar liga.
Deixar repousar a massa durante cerca de 15 minutos e, com a ajuda de uma "garfiella" ou concha, deitar a massa numa frigideira com bastante óleo bem quente.
A massa é colocada em círculo, começando no centro da frigideira e estendendo-se do interior para o exterior, e é retirada quando estiver bem dourada.
Os frixuelos são consumidos quentes, com mel, açúcar ou sem qualquer aditivo.
São deliciosos, de tal forma que alguns restaurantes locais os incluem nos seus pequenos-almoços.
Sem dúvida, os frixuelos de Cangas del Narcea são uma espiral deliciosa!
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