Voltar Peregrinação pela costa asturiana: A beleza do Caminho do Norte
Peregrinação pela costa asturiana: Toda a beleza do Caminho do Norte
O Caminho do Norte, também conhecido como Caminho da Costa, percorre 815 quilómetros pelo noroeste peninsular, desde Irún até Santiago de Compostela, atravessando o País Basco, Cantábria, Astúrias e Galiza.
Dizem que o Caminho do Norte é o mais belo de todos, e não há dúvida de que alguns dos seus postais mais memoráveis se encontram no seu trajeto pelas Astúrias. Peregrinar com o mar Cantábrico de um lado e os imponentes Picos de Europa do outro, é um dos momentos inesquecíveis deste percurso, que fazem do troço asturiano uma atração inigualável.
Caminho da Costa ou Caminho do Norte nas Astúrias
No norte das Astúrias, a rota jacobeia desdobra-se colossalmente, formando um percurso entre a montanha e o mar, revelando paisagens extraordinárias à medida que serpenteia ao longo da costa, encontrando praias, aldeias encantadoras e vilas piscatórias. Cada passo do Caminho do Norte pelas Astúrias é um encontro com a história, a natureza e a hospitalidade.
Para além das magníficas vistas panorâmicas, o verdadeiro tesouro do Caminho no Principado reside nas suas gentes e na sua cultura. Os albergues oferecem abrigo e acolhem calorosamente os peregrinos. Os pratos tradicionais da gastronomia local satisfazem os paladares mais exigentes, enquanto a sidra é brindada generosamente, pela saúde e pela amizade. O Caminho aproxima as pessoas de uma forma que só aqueles que o percorrem podem explicar.
Ao atravessar o Principado, o Caminho do Norte é espetacular do princípio ao fim, o verde e o azul da viagem do peregrino, desde o momento em que atravessa o rio Deva, na fronteira com a Cantábria, e vislumbra as belas povoações de Bustio e Colombres, até atravessar o rio Eo, 280 quilómetros depois, para entrar na Galiza.
O Caminho Histórico, aquele que os peregrinos seguiam na antiguidade para atravessar o rio Eo, dirige-se para Vegadeo, uma vez passado Tol, para atravessar o rio sobre a ponte de pedra de Santiago de Abres. Há referências a esta velha ponte já na época medieval, A Ponte Veya, que acabou por ruir no século XVIII. Atualmente, a travessia faz-se sobre a ponte de Fornacho.
A alternativa ao itinerário histórico é continuar ao longo da costa e atravessar o Eo pela ponte de Los Santos, para chegar a Ribadeo e continuar ao longo da costa. Tem mais serviços por ser mais frequentada. Ambas as variantes fazem ligação em Mondoñedo. Este artigo descreve a variante histórica, que sai das Astúrias por Abres.
Porquê escolher a rota costeira ou a rota do Norte?
O Caminho do Norte é menos percorrido do que outros, como o Francês ou o Português, pelo que a experiência é mais autêntica e tranquila, convidando à introspeção e a uma maior ligação com a natureza. Especialmente na época não estival.
É a opção ideal para viver a essência do Caminho de Santiago, tendo o Mar Cantábrico como fiel companheiro de peregrinação ao longo de grande parte do percurso.
Desde o seu início no País Basco até à sua chegada à Galiza, o Caminho do Norte apresenta uma beleza deslumbrante que cativa quem o percorre. Não é de admirar que, em 2015, a UNESCO o tenha reconhecido como Património da Humanidade, uma honra partilhada com o Caminho Primitivo.
Outra razão para escolher este itinerário é o facto de passar por um bom número de vilas e cidades, o que facilita o abastecimento de alimentos, bebidas e outros bens de primeira necessidade, sem esquecer o atrativo de poder fazer turismo em locais de grande interesse.
O Caminho do Norte tem muitos séculos de história:
- O Caminho do Norte é uma das rotas mais antigas para Santiago de Compostela, uma vez que a peregrinação começou no século IX, quando foram descobertos os restos do apóstolo Santiago. Alfonso II, rei das Astúrias, foi o primeiro a fazer a peregrinação a Santiago pelo Caminho Primitivo, em 813.
- Na Idade Média, o Caminho do Norte era muito popular por ser mais seguro. A rota francesa era mais perigosa devido ao avanço dos exércitos muçulmanos.
- Com o avanço da Reconquista, no século XI, a segurança voltou ao Caminho Francês, que recuperou a sua popularidade, em detrimento do Caminho da Costa.
- Atualmente, o Caminho do Norte está de novo em ascensão, ganhando popularidade todos os dias pelas suas paisagens únicas e pelo ambiente natural que só esta rota jacobeia pode oferecer.
O que ver e visitar no Caminho do Norte nas Astúrias
O Caminho do Norte tornou-se um dos mais sedutores para os peregrinos que procuram algo mais do que uma experiência espiritual. São muitos os atractivos desta rota que passa pelas Astúrias. Nomeamos alguns dos pontos que mais atraem a atenção dos peregrinos que nos visitam, embora nos desculpemos antecipadamente por não poder enumerá-los todos, pois a lista seria interminável.
Principais cidades e aldeias a visitar:
- Bustio e Colombres são a porta de entrada para as Astúrias, com um património cultural e histórico notável. Aqui se encontram algumas das casas indianas mais importantes do Principado.
- Em Llanes, passear pelo centenário passeio de San Pedro, de onde se pode admirar a cidade e as falésias que a rodeiam. Visita aos Cubos de la Memoria, o monumento mais representativo de Llanes.
- Ribadesella/Ribeseya é uma das povoações costeiras mais bonitas. A sua praia de Santa Marina e a Ermita La Guía, com as suas vistas panorâmicas, são dois lugares excelentes para fazer uma pausa.
- Villaviciosa, no coração da comarca da Sidra. É aqui que o Caminho de Santiago do Norte sai em direção a Oviedo/Uviéu, para continuar o Caminho Primitivo. No verão, o ambiente é muito agradável.
- Gijón/Xixón, uma cidade com carisma e uma infinidade de planos e opções. A praia de San Lorenzo é ideal para recuperar as forças. Se quiser ser um local, pare para tomar uma bebida na encosta do Cholo. Para uma boa vista panorâmica, vá até ao monte de Santa Catalina, coroado pela obra de Eduardo Chillida "Elogio do Horizonte".
- Avilés e o seu centro histórico, que se encontra em excelente estado de conservação e foi declarado Conjunto Histórico-Artístico. Entre muitas outras atracções, aqui se encontra o Centro Cultural Oscar Niemeyer.
- Cudillero, sem dúvida, uma das aldeias mais bonitas e fotogénicas das Astúrias. Visite os diferentes miradouros da aldeia, as vistas de cada um deles são inigualáveis.
- Cadavéu. Se tiverem oportunidade, visitem a Ermita de la Regalina, um dos lugares mais emblemáticos das Astúrias.
- Luarca/Ḷḷuarca, com as suas casas brancas a abrigar aquele que é, possivelmente, o porto mais pitoresco das Astúrias. Se tiveres tempo, visita o seu cemitério, não te deixará indiferente.
- A Veiga/Vegadeo faz parte da Reserva da Biosfera Rio Eo, Oscos e Terras de Burón e é uma vila animada e comercial nas margens do Eo.
Mas nem tudo são aldeias, e no Caminho do Norte também se podem visitar algumas das praias mais bonitas de Astúrias, como La Franca, Gulpiyuri (praia interior, formada pela erosão do mar Cantábrico sobre a costa calcária, criando uma pequena piscina natural ligada ao mar através de túneis e fendas nas rochas), Poo, Barro, Vega, Arenal de Morís, La Isla e Frexulfe.
Merecem uma menção especial os Bufones de Arenillas, Monumento Natural que, com as condições adequadas, é um dos espectáculos naturais mais impressionantes que se podem ver nas Astúrias.
As etapas do Caminho do Norte nas Astúrias
O Caminho do Norte é o terceiro com mais quilómetros do Caminho de Santiago, apenas atrás da Rota da Prata e do Caminho Francês. Dos seus 815 quilómetros, 280 passam pelas Astúrias, atravessando 23 municípios.
O número de dias varia em função da condição física de cada pessoa, embora se recomende a sua realização em 13 etapas. No entanto, é um percurso de grande beleza, que passa por esplêndidas aldeias e praias, que vale a pena percorrer com calma, deixando tempo, ainda que pouco, para desfrutar dos lugares e da gastronomia.
Conclusão
Diferentes são os motivos que atraem o peregrino a fazer qualquer uma das muitas variantes do Caminho de Santiago. O que é consensual é que o Caminho do Norte é único. E é que caminhar no sopé das montanhas acariciando a brisa do mar, em etapas pouco concorridas que percorrem um ambiente rural encantador, faz-nos desfrutar da paisagem e do cenário como nenhum outro itinerário de peregrinação.
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