Voltar Rotas etnográficas para descobrir as Astúrias rurais

As melhores rotas etnográficas para descobrir as Astúrias rurais
Astúrias é uma terra de costumes enraizados, rica em património cultural e natural, e as rotas etnográficas permitem ao visitante mergulhar na vida tradicional das suas aldeias. Estas rotas mostram-nos como se vivia e trabalhava no passado, explorando os ofícios, a arquitetura tradicional e os costumes que definiram o que somos hoje. De museus ao ar livre a aldeias preservadas, estas rotas oferecem uma experiência única de turismo cultural para se ligar à história viva e à tradição das Astúrias e compreender melhor a nossa identidade.
Um passeio por Bueño/Güeñu e o Museu Hórreo
Bueño/Güeñu é uma encantadora aldeia do concelho de Ribera de Arriba, famosa por albergar um dos maiores conjuntos de hórreos e paneras das Astúrias. Este importante património, com hórreos que datam dos séculos XVI e XX, foi conservado em magníficas condições. As suas ruas conservam o seu encanto rural e a sua proximidade da capital asturiana torna-a num lugar perfeito para combinar com uma visita a Oviedo/Uvieu.
Para descobrir este valioso sítio etnográfico , é aconselhável seguir a rota etnográfica interpretada. Através de sinalização e painéis informativos, este percurso permite ao visitante desfrutar do património cultural asturiano num ambiente natural privilegiado.
O Centro de Interpretação do Hórreo é uma paragem obrigatória em Bueño/Güeñu. O centro oferece uma visão pormenorizada da enorme importância dos hórreos na vida rural asturiana. Através de um percurso agradável e rigoroso, o visitante pode descobrir os diferentes tipos de hórreos e a sua distribuição, a sua função de celeiro, bem como as peças e materiais utilizados na construção destas estruturas de longa duração. Este espaço pedagógico complementa na perfeição a visita à aldeia, permitindo ao visitante compreender o seu rico legado arquitetónico e cultural.
Brieves: A aldeia dos arcos de pedra
Brieves é uma aldeia do oeste asturiano, situada no concelho de Valdés, que possui um interessante património etnográfico, com os seus caraterísticos arcos de pedra que ligam as casas aos hórreos (celeiros). Existem também vários exemplos de hórreos e paneras sobrepostos a outras estruturas, para aproveitar melhor o espaço debaixo do hórreo ou panera, geralmente utilizado como habitação ou estábulo. Outro dos edifícios de destaque da aldeia é a Torre de Brieves, uma construção robusta do século XVI.
Perto de Brieves, o vale de Paredes brilha com a sua própria luz. É um belo cenário natural de grande valor etnográfico que se adapta perfeitamente ao slow travel. Aqui encontramos dois monumentos megalíticos: o dólmen de Restiello, na aldeia de La Vega, e o menir de Ovienes.
No vale de Paredes encontra-se também o Monumento Natural de Hoces del Esva, uma impressionante jazida natural que pode ser explorada numa rota altamente recomendada de dificuldade média, que combina os percursos pedestres de curta distância PR.AS-1 e PR.AS-2, percorrendo um espetacular desfiladeiro e bosques ribeirinhos.
Museu Etnográfico de Quirós e a Rota dos moinhos de Corroriu
Quirós é um concelho com um notável património natural, industrial e etnográfico. Para aprofundar o seu património industrial e etnográfico, nada melhor do que uma visita ao Museu Etnográfico de Quirós, situado no local de um antigo complexo siderúrgico, abandonado no início do século XX.
Este museu divide-se em dois blocos temáticos. Por um lado, Quirós Industrial traça a história industrial do concelho, desde a chegada dos primeiros empresários estrangeiros à região, passando pela implantação e declínio da indústria mineira e siderúrgica. A exposição completa-se com uma visita ao muro de contenção exterior, bem como às galerias subterrâneas onde se encontrava a maquinaria utilizada para o funcionamento dos altos-fornos.
A outra grande secção da exposição gira em torno da vida camponesa, através de uma visita guiada a uma mansão asturiana de três andares, onde os visitantes podem conhecer melhor a vida tradicional de Quiroga. O museu completa-se com elementos tradicionais das aldeias asturianas: o hórreo (celeiro), o lavadouro e a escola.
Perto do museu encontramos a rota dos moinhos de Corroriu - que ilustra a nossa foto de cabeçalho -, um percurso circular simples que nos permite conhecer outra das construções essenciais na vida rural: o moinho de rio, indispensável para transformar o grão em farinha. O percurso é curto e simples, adequado a todos. Começa na aldeia de Vega de Arrojo e consiste num agradável passeio por bosques de castanheiros em busca dos três moinhos de Corroriu onde, ainda hoje, se moe espelta (um cereal de montanha semelhante ao trigo).
Rota Alejandro Casona (Bisuyu, Cangas del Narcea)
Alejandro Casona (1903-1965) foi um destacado dramaturgo conhecido pela sua capacidade de fundir realismo e fantasia nas suas peças. Nascido em Bisuyu, Cangas del Narcea, Casona manteve uma profunda ligação com as Astúrias, reflectindo no seu teatro a paisagem rural e os costumes asturianos que marcaram a sua vida e obra.
A Rota de Alejandro Casona, em Bisuyu, é uma visita guiada à terra natal do célebre dramaturgo. O percurso começa no Centro de Receção de Visitantes de Besullo, um passeio que permite conhecer a vida e a obra do seu vizinho mais famoso, bem como a arquitetura tradicional e os principais elementos etnográficos de Bisuyu, como o Mazo d'Abaxo, recentemente restaurado. A paisagem rural que inspirou muitas das suas obras acompanha o visitante, ligando a sua vida ao ambiente asturiano que tanto amou.
O complemento perfeito para esta rota é a rota do Pomar de las Montañas, PR-AS 168, que começa na própria aldeia. Trata-se de uma rota circular de cerca de 10 quilómetros que liga à aldeia semi-abandonada de El Pumar.
Braña de Llanelo (Ibias) e Braña de Las Navariegas (Teverga)
As brañas são elementos-chave para compreender a vida rural e a pastorícia na serra asturiana. São povoações situadas em pastagens frescas e altas, geralmente de difícil acesso e afastadas da população, onde os pastores e pastores apascentavam o seu gado durante o verão.
Aí viviam até à chegada do frio, razão pela qual construíam cabanas cujo estilo ou arquitetura varia consoante a zona. Embora, atualmente, muitas brañas já não sejam utilizadas, ainda é possível encontrar exemplos de excecional beleza escondidos nas montanhas asturianas.
Um exemplo é a bela Braña de las Navariegas, com cabanas bem conservadas e vários corros, estruturas circulares de pedra com telhados cónicos, utilizadas para guardar bezerros ou porcos. Siga o PR-AS156 se quiser chegar até aqui ou se tiver vontade de visitar esta braña!
Outra boa opção, e mais simples que a anterior, é seguir a rota PR-AS 9 para chegar à cabana de Llanelo em Ibias, situada numa bacia de escavação glaciar. A cabana de Llanelo é composta por uma única cabana e várias trousas, recintos circulares ou quadrados, com pouco mais de um metro de altura e sem teto, utilizados para guardar o gado.
Moinhos de vento de La Veiga (Pravia) e a rota dos marinheiros
Nas Astúrias são muito poucos os moinhos de água que ainda estão em funcionamento, moendo os cereais de forma tradicional, com a força da água. Os moinhos de Veiga fazem parte deste grupo distinto e estão em funcionamento desde o século XIX. Situados em Cañedo, no município de Pravia, são um tesouro etnográfico que pode ser visitado para conhecer em primeira mão os segredos deste ofício ancestral.
Os caminhantes mais aventureiros podem optar por chegar a pé, seguindo a rota dos Marinheiros, uma magnífica opção para conhecer os arredores de Pravia. Esta rota deve o seu nome ao caminho que os marinheiros faziam desde Cudillero para vender a sua mercadoria. Embora tradicionalmente comece em Agones, também se pode começar em Pravia e seguir o caminho paralelo ao rio Aranguín, que serve de motor a dois moinhos: Retuerta e La Veiga. A viagem de regresso leva-nos ao Pico do Cueto, onde se encontra o miradouro com o mesmo nome, com vistas impressionantes sobre a vila de Pravia e as férteis planícies do Nalón.
Museu Etnográfico de Grandas de Salime "Pepe El Ferreiro" e Aldeia de Argul
O Museu Etnográfico de Grandas de Salime "Pepe el Ferreiro" preserva a história rural das Astúrias Ocidentais e mantém vivas as tradições asturianas e locais através de actividades e exposições.
Com mais de 3.000 m² de espaço de exposição, está dividido em três edifícios principais de arquitetura tradicional:
- La Casa Rectoral, onde se recria a vida e o trabalho no campo.
- La Casoa, antiga casa da nobreza rural, que alberga a escola e mostra os diferentes ofícios do mundo rural.
- A Casa del Molinero (Casa do Moleiro), dedicada à oficina e às exposições temporárias.
Para além destes três edifícios, o museu alberga outras construções caraterísticas das Astúrias rurais, como o hórreo, a panera ou o moinho.
A pouca distância, no concelho de Pesoz, encontra-se a aldeia medieval de Argul, cujo conjunto histórico foi declarado Bem de Interesse Cultural em 2004. Esta aldeia situa-se num afloramento rochoso que condicionou e singularizou a disposição dos seus edifícios. Os seus túneis e corredores, que ligam as diferentes divisões das casas, criam um traçado único. Hoje, quase abandonada, a aldeia de Argul é uma verdadeira janela para o passado, e percorrer as suas ruas é como viajar no tempo, oferecendo um testemunho vivo da vida rural de outrora. Construída inteiramente com materiais locais, como a pedra e a madeira, Argul é uma das povoações mais singulares e pitorescas do oeste asturiano, conservando um ambiente que convida à reflexão sobre as raízes e a história da região.
Os diferentes itinerários etnográficos permitem ao visitante descobrir a essência de uma cultura asturiana que resistiu ao tempo. Visitar estes itinerários culturais é entrar numa herança viva, onde o património e as tradições continuam a ser parte fundamental de uma identidade asturiana que é motivo de orgulho para os habitantes do Principado.

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