Ecomuseu de Somiedo

O Ecomuseu de Somiedo nasceu do projeto de um museu etnográfico que a Câmara Municipal encomendou ao antropólogo Adolfo García Martínez em 1991.
Ele partiu da ideia de um eco-museu porque é a que melhor se adapta ao objetivo de divulgar os modos de vida, comportamentos técnicos e sociais, etc., da sociedade rural. Assim, o equipamento estuda as paisagens culturais que as comunidades humanas foram escrevendo e tenta recuperar, ler e interpretar esse texto. Neste sentido, o meio natural e o património cultural são as duas faces ou as duas componentes de uma mesma realidade.

O projeto está estruturado em três partes: os ofícios, a casa e os percursos etnográficos.
Inicialmente, a parte dedicada aos ofícios tradicionais estava localizada em Pola de Somiedo e foi inaugurada em 1996. Após o desenvolvimento do projeto, a parte dedicada à casa foi aberta ao público em 2001.

É composta por três habitações que ainda conservam a sua cobertura vegetal, de giesta, "teitos de escoba" e através do seu mobiliário, distribuição, peças que as compõem, etc., pode-se fazer um percurso pelos tipos de habitação e a sua evolução ao longo do tempo, que está intimamente relacionada com uma economia agrária, pecuária, de subsistência.
Posteriormente, em 2011, a parte dedicada aos ofícios foi alargada e a exposição foi transferida para a escola de Caunedo. Trata-se de um belo edifício inaugurado como escola pública em 1953 e financiado por José Feito Taladrid, natural da aldeia que emigrou para Cuba.

O projeto desta escola foi encomendado ao arquiteto Julio Galán Gómez e o responsável pela construção foi Enrique Rodríguez Balbín. Era constituída por dois pisos e uma cave, bem como por um edifício anexo que servia de alojamento para os professores.

A exposição dos ofícios (madreñeiro, carpinteiro, goxeiro, ferreiro e canteiro) é composta pelas ferramentas e utensílios necessários para o desenvolvimento de cada um deles, expostos de forma didática e complementados com vídeos que mostram o trabalho dos artesãos. Quase toda a coleção do Ecomuseu provém de doações dos habitantes de Somiedo.

Uma das salas de aula é dedicada a recordar a história do próprio edifício e as suas utilizações como escola, escola-oficina e agora museu, além de ser utilizada para apresentações, palestras, exposições, etc.
No primeiro andar, através de alguns objectos, vídeos e painéis, abordamos o conceito de transumância, uma técnica pecuária baseada na racionalidade económica, pois consiste em deslocar o animal ao longo do ciclo anual, de modo a que este possa tirar partido das pastagens. Existem três tipos de transumância no Somiedo: a interior ou de curta distância (das aldeias para as "brañas"), a de longa distância ou "vaqueiros d'alzada" (das aldeias do Somiedo para outras aldeias de menor altitude) e a "mesteña" (dos rebanhos de ovelhas da Extremadura para os desfiladeiros do Somiedo).

O carácter eminentemente pecuário do Somiedo é evidente na sua paisagem, na sua organização: prados, montanhas, brañas, caminhos, etc. As numerosas brañas (cabanas) espalhadas pelo concelho, que podem ser visitadas através de itinerários sinalizados, são constituídas por zonas de pastoreio e pelas suas cabanas e corros que, consoante a sua utilização, variam em tamanho e nos materiais utilizados na sua construção. Assim, existem as de teito de escoba (de planta circular ou retangular), como as do vale de Saliencia, La Pornacal ou braña Viecha, e as de pedra inteira (de planta circular), como as de Sousas ou La Mesa. Há também um hórreo (celeiro) na aldeia de Urria e um moinho em El Valle.