Igreja de Santa María em Soto de Luiña

A igreja de Santa María, na localidade de Soto de Luiña, é considerada uma das obras mais destacadas do barroco rural asturiano. A torre foi iniciada em 1712 e a cabeceira da nave central foi concluída em 1752, tendo como mestre de obras Pedro García de Avilés.

Destaca-se pela originalidade do seu desenho, apresentando ao pé do templo uma torre suportada por robustas e harmoniosas colunas, sendo coberta por quatro taludes de silhares bem trabalhados que suportam uma curiosa estátua conhecida como "O Gigante".

A torre possui vários nichos ao longo das suas três fachadas, uns de madeira e outros de pedra, que albergam estátuas.

O resto dos volumes que compõem o edifício: pórtico, naves, sacristia, capelas, etc. formam um conjunto harmonioso que parece ter sido concebido para agradar ao observador.

No interior, destacam-se as abóbadas estreladas com a sua rica ornamentação e várias fontes baptismais de grande interesse histórico. Na nave central, há um interessante e arejado ambão de pedra sobre uma coluna helicoidal, ligado a um dos arcos principais da nave.

Os retábulos desta igreja merecem uma referência especial. Todos eles se destacam pela sua cuidada execução que, no caso do central, constitui um excelente exemplo de retábulo de exedra "Cascarón" com talha e elementos artísticos bem elaborados que se poderiam atribuir à oficina de José Bernardo de la Meana.

Ao pé da nave sul encontra-se o retábulo de Santa Inés, estruturado sobre uma bela árvore da vida com cenas da vida de Jesus. Este retábulo foi construído pela família dominante da época, facto que deu origem a uma curiosa disputa com os vizinhos.

Na nave norte, a igreja tem um dos poucos exemplos nas Astúrias de um retábulo de rosário, que, juntamente com outros elementos presentes neste edifício único, testemunha a forte presença dominicana no ambiente rural asturiano da época.

Ao longo de toda a nave, encontramos outros retábulos mais pequenos, mas não menos interessantes, como o dedicado a Santa Rosa de Lima.

Esta igreja é um exemplo perfeito do esforço popular como realização comum, o que é interpretado por alguns estudiosos como um símbolo da libertação do povo dos senhores. Neste sentido, o livro de contabilidade reflecte a forma como os camponeses contribuíram com mão de obra e materiais para pagar a construção.

O conjunto formado pela igreja e pela casa paroquial anexa, ambos Património Mundial da UNESCO, testemunha a presença de Soto de Luiña no Caminho de Santiago desde tempos imemoriais.